Arthur C. Clarke
& Gentry Lee
Rama II (1989)
No prólogo deste
livro, escrito quando os quatro volumes da série Rama já
estavam publicados, Arthur C. Clarke tece algumas considerações
curiosas. Afirma, por exemplo, que as linhas finais de Rendezvous
with Rama foram acrescentadas à
última da hora, na revisão final, e nunca tivera a intenção
de escrever uma sequela. Descreve também as circunstâncias em que
Gentry Lee lhe foi apresentado e a renitência inicial em escrever
ficção em parceria. Gentry Lee, do JPL da NASA, era então o
engenheiro-chefe da missão Galileo que seria lançada à exploração
das luas de Júpiter; antes disso tinha sido um dos responsáveis
pelas sondas Viking, que fotografaram Marte, e, juntamente com Carl
Sagan, fundou a empresa que produziu a série Cosmos. Arthur
C. Clarke refere ainda a sua surpresa quando constatou que Gentry Lee
possuía maior conhecimento das literaturas inglesa e francesa que
ele próprio, e o esforço que fez no sentido de evitar impor o seu
estilo à escrita de Lee. O resultado da colaboração foi Cradle
e, apesar de considerar a experiência positiva, não havia planos
para continuá-la. Entretanto surgiu a ideia de escrever uma trilogia
de Rama, e Gentry Lee, com o contributo do seu conhecimento
científico, parecia ser a pessoa certa para a tarefa. De facto, cabe
a Lee a maior parte da escrita narrativa, tendo Clarke feito algumas
sugestões e o trabalho de edição; por este motivo, não surpreende
que o estilo seja muito diferente de Rendezvous with Rama,
sobretudo no tratamento das
personagens.
De
Rama II pode dizer-se,
sem rodeios,
que tem o dobro do tamanho e metade do interesse do livro que lhe deu
origem. A história
desenrola-se 70
anos depois dos
acontecimentos descritos em Rendezvous with Rama,
quando uma nova nave,
idêntica à primeira, se aproxima do Sistema Solar. A história
tarda demasiado a arrancar e é preciso chegar ao capítulo 15 para,
finalmente, ver a tripulação no espaço e a
chegada a Rama II; contudo,
os meandros narrativos e as ramificações inúteis não terminam
aqui, e são uma constante ao longo do livro.
Dos
doze membros da tripulação internacional do projecto Newton, a
narrativa centra-se na personagem de Nicole des Jardins, uma
cientista afro-francesa que tem a seu cargo a monitorização médica
e o suporte de vida da expedição. Outras
personagens
em destaque: a italiana Francesca Sabatini, uma mulher ambiciosa e
sem escrúpulos, jornalista, que acompanha a missão; o
engenheiro inglês Richard Wakefield, construtor de micro-robots nos
tempos livres; e, ainda o general norte-americano Michael Ryan
O'Toole, cuja fé católica o coloca perante profundos dilemas quando
lhe é exigida obediência militar.
A
exploração de Rama será
certamente o tema de maior
interesse, para quem chegou aqui depois de
Rendezvous with Rama.
E Rama II, geograficamente
igual ao primeiro, tem diferenças cruciais e particularidades
que adensam o mistério. Uma
boa parte do livro – a mais interessante – decorre quando des
Jardins e Wakefield ficam isolados
em New York, a cidade-ilha
no meio do Oceano Cilíndrico, com a descrição do que aí
encontram. Desde cedo a
missão é confrontada com uma mudança de rumo da
nave,
que se coloca em rota de colisão com a Terra, com
todas as implicações que isso envolve.
Para
além da exploração de Rama,
o leitor é arrastado para
uma trama vagamente policial,
com várias personagens
preocupadas com os mediáticos contratos milionários que as esperam
no regresso, sob pressão dos directos noticiosos que acompanham
constantemente a expedição, à mistura com feitiçaria africana,
Shakespeare, e
História Medieval, numa
caldeirada que parece ter sido concebida a
pensar numa futura adaptação
televisiva ou
cinematográfica.
Richard
saw that Nicole was staring at him. "I have an idea," he
said excitedly. "It may be completely far-fetched... Do you
remember Dr. Bardolini and his progressive matrices? With the
dolphins?... What if the Ramans also left a pattern here in New York
of subtle differences that change from plaza to plaza and section to
section?... Look, it's no crazier than your visions."
Already
Richard was on his knees on the ground, working with his maps of New
York, "Can I use your computer too?" he said to Nicole a
few minutes later. "That will speed up the process."
For
hours Richard Wakefield sat beside the two computers, mumbling to
himself and trying to solve the puzzle of New York. He explained to
Nicole, when he took a break for dinner at her insistence, that the
location of the third underground hole could only be determined if he
thoroughly understood the geometric relationships between the
polyhedrons, the three plazas, and all the skyscrapers immediately
opposite the principal faces of the polyhedrons in each of the nine
sectors. Two hours before dark Richard dashed off hurriedly to an
adjacent section to obtain extra data that had not yet been recorded
on their computer maps.
Even
after dark he did not rest. Nicole slept the first part of the
fifteen-hour night. When she awoke after five hours, Richard was
still working feverishly on his project. He didn't even hear Nicole
clear her throat. She arose quietly and put her hands on his
shoulders. "You must get some sleep, Richard," she said
quietly.
"I'm
almost there," he said. She saw the bags under his eyes when he
turned around. "No more than another hour."
Nicole
returned to her mat. When Richard awakened her later, he was full of
enthusiasm. "Wouldn't you know it?" he said with a grin.
"There are three possible solutions, each of which is consistent
with all the patterns." He paced for almost a minute. "Could
we go look now?" he then said pleadingly. "I don't think I
can sleep until I find out."
None
of Richard's three solutions for the location of the third lair was
close to the plaza. The nearest one was over a kilometer away, at the
edge of New York opposite the Northern Hemicylinder. He and Nicole
found nothing there. They then marched another fifteen minutes in the
dark to the second possible location, a spot very near the southeast
corner of the city. Richard and Nicole walked down the indicated
street and found the covering in the exact spot that Richard had
predicted. "Hallelujah," he shouted, spreading out his
sleeping mat beside the cover. "Hooray for mathematics."
Hooray
for Omeh, Nicole thought. She was no longer sleepy but she wasn't
anxious to explore any new territory in the dark. What comes
first, she asked herself after they had returned to camp and she
was lying awake on her mat, intuition or mathematics? Do we use
models to help us find the truth? Or do we know the truth first, and
then develop the mathematics to explain it?
Ningún comentario:
Publicar un comentario