Clifford D. Simak
The Goblin Reservation (1968)
Não me recordo qual o segundo livro de
FC que li; o primeiro nunca o esqueci: Mundos Simultâneos, a
tradução portuguesa de Ring Around the Sun, de Clifford D.
Simak. Foi uma autêntica surpresa, abrindo-me as portas para este
sub-género que me acompanhou durante muito tempo. Desde então, dos
fins dos 70s até 1990, li outras treze obras do mesmo autor. The
Goblin Reservation é o reencontro com o escritor, trinta anos
depois.
O livro foi editado em Portugal, na
Colecção Argonauta, sob o título O Tempo dos Duendes, mas o
texto não prima pela fidelidade. Sendo uma colecção de baixo
orçamento, limitada por um número mais ou menos fixo de páginas
por volume, o editor não se coibia em desbastar o texto até
permitir encaixotar a obra no espaço disponível — e no caso
presente, fê-lo profusamente. Se a escolha dos autores e o grafismo
da capa eram, geralmente, criteriosos, já a edição deixava muito a
desejar. Comparando a tradução portuguesa com o original
verifica-se uma contínua supressão de frases. Nada do que falta
parece obstar ao entendimento da narrativa, mas, a meio caminho de
uma versão condensada para leitores apressados, há uma perda
considerável de pormenor e de profundidade — para nem falar no
desrespeito ao trabalho do autor.
Passado numa Terra em que as viagens no
tempo são triviais e as viagens no espaço instantâneas, The
Goblin Reservation conta a história de Peter Maxwell, um
professor universitário que não conseguiu chegar ao seu planeta de
destino e, no regresso, descobre que um seu duplicado chegara à
Terra duas semanas antes, após uma viagem sem sobressaltos e,
entretanto, morrera num acidente. Peter Maxwell tinha permanecido
naquilo que descreveu como o “planeta de cristal”, um imenso
repositório de conhecimento vindo de um universo anterior ao
presente, que é oferecido como moeda de troca por um misterioso
objecto, exposto no museu do Tempo, resistente a toda a tentativa de
análise, conhecido como o Artefacto. Esse gigantesco arquivo também
é disputado por uns estranhos seres extraterrestres, os Wheelers,
que se propõem à compra do Artefacto. A história de The Goblin
Reservation está cheia de meandros e situações inesperadas,
aligeirada pelas personagens e pelo tom dos diálogos, incluindo
seres mais relacionados com o sobrenatural ou com o lendário do que
com a FC clássica (o que não é inédito na bibliografia do autor,
recorde-se os excelentes A Irmandade do Talismã ou Onde
Mora o Mal), acabando por integrá-los depois num enquadramento
racionalizante de “plausibilidade”, para não defraudar os
leitores. É um livro com originalidade e, de certa forma,
refrescante; mas, na minha opinião, Clifford D. Simak tem outros que
são melhores.
She shook her head. “No,”
she said. “No, it’s not any good to ask. I have no right to ask.
I’ll simply have to tell you and trust to your discretion. And I’m
pretty sure it’s true. Time has been made an offer for the
Artifact.”
Silence reverberated in
the room as the other three sat motionless, scarcely breathing. She
looked from one to the other of them, not quite understanding.
Finally Ghost stirred
slightly and there was a rustling in the silence of the room, as if
his white sheet had been an actual sheet that rustled when he moved.
“You do not comprehend,”
he said, “the attachment that we three hold to the Artifact.”
“You struck us in a
heap,” said Oop.
“The Artifact,” said
Maxwell softly. “The Artifact, the one great mystery, the one thing
in the world that has baffled everyone...”
“A funny stone,” said
Oop.
“Not a stone,” said
Ghost.
“Then, perhaps,” said
Carol, “you’ll tell me what it is.”
And that was the one
thing, Maxwell told himself, that neither Ghost nor any one else
could do. Discovered ten years or so ago by Time investigators on a
hilltop in the Jurassic Age, it had been brought back to the present
at a great expenditure of funds and ingenuity. Its weight had
demanded energy far beyond anything so far encountered to kick it
forward into time, an energy requirement which had made necessary the
projection backward into time of a portable nuclear generator,
transported in many pieces and assembled on the site. And then the
further task of bringing back the generator, since nothing of that
sort, as a matter of simple ethics, could be abandoned in the
past—even in the past of the far Jurassic.
“I cannot tell you,”
said Ghost. “There is no one who can tell you.”
Ghost was right. No one
had been able to make any sense of it at all. A massive block of some
sort of material that now appeared to be neither stone nor metal,
although at one time it had been thought to be a stone, and later on,
a metal, it had defied all investigation. Six feet long, four feet on
each side, it was a mass of blackness that absorbed no energy and
emitted none, that bounced all light and other radiation from its
surface, that could not be cut or dented, stopping a laser beam as
neatly as if the beam had not existed. There was nothing that could
scratch it, nothing that could probe it—it gave up no information
of any sort at all. It rested on its raised base in the forecourt of
Time Museum, the one thing in the world about which no one could even
make a valid guess.
Li anteriormente:
Mundos Sem Fim
(1955-56)
A Estrada da Eternidade (1986)
Onde Mora o Mal (1982)