Arthur C. Clarke
Os Náufragos do Selene (1961)
De Arthur C. Clarke já li mais de uma
dúzia de livros. Em todos eles há uma contenção e uma sobriedade
que fizeram deste autor um dos meus favoritos, na área da FC. Alguns
têm como cenário a Lua. Escritos antes das missões Apollo,
descrevem alguns exotismos locais, como, no caso presente, um mar de
poeira cujas características são descritas como nem sólidas nem
líquidas, com todas as desvantagens de ambos os estados, mas sem
nenhuma das vantagens. Curiosa, também, a avaliação do fenómeno
OVNI (além de "O Fim da Infância", não me recordo de
outro livro de Clarke onde apareça um ser extraterrestre): neste
futuro próximo é um tema obscuro, ignorado e ultrapassado, que
Clarke localiza nos anos 50 do séc. XX e associa ao sentimento
religioso, território de teorias da conspiração e de maníacos.
Todo astronauta acreditava que mais
cedo ou mais tarde a raça humana encontraria inteligências vindas
de outro lugar. Tal encontro ainda poderia estar muito distante, mas
os hipotéticos "extraterrenos" já eram parte da mitologia
do espaço e recebiam a culpa de tudo o que não tivesse explicação.
É fácil acreditar neles quando alguém se encontra com um grupo de companheiros em um mundo estranho e hostil, onde as próprias rochas e o ar (se houver ar) são totalmente exóticos. Aí nada pode ser considerado absurdo e a experiência de mil gerações, nascidas na Terra, pode ser inútil. Da mesma forma que o homem primitivo povoara o desconhecido ao seu redor com deuses e espíritos, assim o Homo astronauticus olhava por sobre o ombro, quando pousava em cada novo mundo, perguntando-se quem ou o quê já não estaria por lá. Durante alguns breves séculos o Homem se imaginara senhor do Universo; e essas esperanças e temores primitivos, sepultados em seu subconsciente, estavam agora mais fortes que nunca – e com boa dose de razão enquanto olhava a face brilhante dos céus e pensava nos poderes que estariam à espreita por lá.
É fácil acreditar neles quando alguém se encontra com um grupo de companheiros em um mundo estranho e hostil, onde as próprias rochas e o ar (se houver ar) são totalmente exóticos. Aí nada pode ser considerado absurdo e a experiência de mil gerações, nascidas na Terra, pode ser inútil. Da mesma forma que o homem primitivo povoara o desconhecido ao seu redor com deuses e espíritos, assim o Homo astronauticus olhava por sobre o ombro, quando pousava em cada novo mundo, perguntando-se quem ou o quê já não estaria por lá. Durante alguns breves séculos o Homem se imaginara senhor do Universo; e essas esperanças e temores primitivos, sepultados em seu subconsciente, estavam agora mais fortes que nunca – e com boa dose de razão enquanto olhava a face brilhante dos céus e pensava nos poderes que estariam à espreita por lá.
Li anteriormente:
Luz da Terra (1955)
Expedição à Terra (1953)
O Outro Lado do Céu (1958)