Luis E. Ninamango Jurado
Encubrimiento y usurpación de
América (2009)
Uma edição patrocinada pelo
Ministério do Poder Popular do Gabinete da Presidência, na
República Bolivariana da Venezuela, à data liderada por Hugo
Chávez, é o suficiente para deixar qualquer um de pé atrás. Este
primeiro livro publicado pelo historiador peruano Luis Erasmo
Ninamango Jurado, disponível no archive.org, é, sem dúvida um
exercício de história revisionista, pontuado aqui e ali por frases
tronantes que o autor não se preocupa demasiadamente em fundamentar.
Uma das principais peças de
argumentação é o mapamundi de Juan de la Cosa, desenhado pelo
navegador espanhol em 1500, que representa com algum rigor a costa
africana e a do sudoeste asiático; também estão já assinaladas as
ilhas das Caraíbas, bem como a costa oriental do continente
americano, com uma aproximação surpreendente na zona compreendida
entre a costa da Colômbia e as Guianas. Este mapa, depositado no
Museu Naval de Espanha, em Madrid, já havia despertado a atenção
de Alexander von Humboldt em 1832, pela sua peculiaridade. Luis
Ninamango conclui que Juan de la Cosa terá, no mínimo, copiado o
mapa de outro documento mais antigo, originário do Oriente (os
desenhos que o ilustram têm, sem dúvida, uma expressão oriental),
tanto mais que, em 1500, Colombo fazia a sua terceira viagem à
América e ainda não se tinha apercebido que as suas descobertas se
situavam exclusivamente de território insular. O mesmo não
acontecia com Juan de la Cosa, acompanhante de Colombo nas duas
primeiras viagens ao Novo Mundo que, por esta altura, com Américo
Vespúcio e Alonso de Ojeda, era um dos responsáveis pelo
reconhecimento das costas da Colômbia, Venezuela e Guiana, e parte
das Antilhas. Vespúcio, segundo o autor, terá mesmo descido pela
costa do Brasil até, pelo menos, Pernambuco.
Depois, a forma como Portugal e Espanha
acordaram as suas zonas de influência, sob o patrocínio do
Vaticano, primeiro no Tratado de Alcáçovas (1479) e depois no
Tratado de Tordesilhas (1494) provará que portugueses e castelhanos
tinham já nessas datas uma ideia muito aproximada do que havia a
“descobrir”, mormente quando o meridiano de Tordesilhas é
deslocado 470 léguas para Ocidente, para permitir a inclusão de
parte do Brasil no hemisfério português.
As teorias especulativas de Luis
Ninamango afirmam em consequência que a Europa Medieval e
Renascentista se apropriou do conhecimento oriental da navegação,
ocultando a sua origem e utilizando-o em proveito próprio. Afirmam
também que Portugal, tendo expulsado os mouros do seu território
quase 250 anos antes de Espanha ter feito o mesmo, aproveitou esta
vantagem para se antecipar nas suas incursões a África e à
América, aproveitando mapas, rotas comerciais, minas, etc. que
pertenciam aos árabes; por fim fala da devastação causada nas
milenárias culturas americanas. Desta suposta destruição,
encobrimento e usurpação de valores culturais alheios sem
reconhecer a sua autoria, considera-o o pior delito de lesa-cultura
perpetrado na história da humanidade.
Se algumas destas premissas têm alguma
plausibilidade — recorde-se, por exemplo que a China tinha, nos
séculos XIV e inícios de XV, meios técnicos de navegação
superiores aos europeus, e estava em plena expansão no Índico
quando os imperadores Ming decidiram acabar com a frota e fechar o
império ao exterior —, parece no entanto pouco provável que
portugueses e castelhanos tenham explorado secretamente o Atlântico
durante tanto tempo (oito décadas antes dos Descobrimentos
“oficiais”, como o autor sugere), muito menos que se tenham
aproveitado de rotas árabes pré-existentes e que tenham encontrado
(e combatido) os mouros estabelecidos no continente americano. Quanto
à “devastação”, tema que não é sequer aprofundado neste
livro, é mais uma variação da Lenda Negra, que persegue sobretudo
os espanhóis desde o Descobrimento, com pouca fundamentação
histórica e muita manipulação dos factos pelos seus inimigos
tradicionais — ingleses, holandeses e franceses — para desviar a
atenção dos seus próprios actos. A forma como os reinos ibéricos
e o papado forjaram esta “partilha do mundo”, é alvo de
particular animosidade pelo autor, que assenta a sua crítica
sobretudo em Fernando II de Aragão, “el rey truhán”, e em
Alexandre VI, o “papa-súbdito-aragonês”, como constantemente
nos recorda, para no fim jogar a inevitável cartada indigenista e
culpabilizar os europeus por tudo quanto de mal se passa actualmente
na América hispânica — como se esses países não fossem
independentes e responsáveis pelos seus destinos há 200 anos.
Propõe ainda que Espanha, Portugal, Itália e o Vaticano reescrevam
a História à luz dos novos preconceitos, num exercício de
auto-flagelação que os leve a renegar o seu passado.
Dada esta situación, los
monarcas envían a continuación, primero al capitán Rodrigo de
Bastidas, apoyado por Juan de la Cosa, a recorrer las costas más
occidentales de Venezuela y a “descubrir” las de Colombia desde
el Cabo de la Vela en la península de la Guajira hasta el golfo de
Urabá en la frontera con Panamá; y seguidamente después de la
partida de Bastidas (octubre de 1500), por la misma ruta, a Alonso de
Ojeda con Américo Vespucio. Con el último tramo mencionado,
Vespucio completó su reconocimiento de las costas suramericanas
desde el Cabo de San Agustín o de Santa María de la Consolación
(8° de latitud Sur), Pernambuco, Brasil, hasta el golfo de Urabá en
la frontera oriental de Panamá. Recordemos que en su polémico
primer viaje el florentino recorrió casi toda la costa caribeña de
Centroamérica y parte de las de Norteamérica.
Así las cosas,
“inesperadamente”, Américo Vespucio había sido “llamado”
por el rey Manuel I de Portugal (el Afortunado, en ese entonces yerno
de los Reyes Católicos por segunda vez) para ayudar a “descubrir”
en las costas suramericanas orientales del Atlántico Sur. Este viaje
fue narrado por Vespucio en una carta que le dirigió a Lorenzo di
Pier Francesco de Medici en mayo de 1503, publicada en París en 1503
o 1504, con el título Mundus Novus; y en otra dirigida a
Piero Soderini el 4 de septiembre de 1504, que presenta discrepancias
con la escrita el año anterior.
Parte de Lisboa el 10 de
mayo de 1501 en una expedición de tres carabelas. Entre mayo y junio
ocurre un conveniente encuentro con Pedro Álvares Cabral en Cabo
Verde (Dakar), en la costa occidental de África. El capitán
portugués estaba regresando de la India (Calicut), después de haber
“descubierto” Brasil, “accidentalmente”, en el viaje de ida a
la India (Calicut).
Después de una larga
travesía que duró más de dos meses, la flota lusitana en la cual
participa Vespucio arriba a la costa brasileña el 7 de agosto de
1501. A continuación navegan al Cabo de San Roque (16 de octubre) y
al Cabo de San Agustín (28 de octubre), desde donde, la costa cambia
de dirección, dirigiéndose al sudoeste; es decir, hacia
jurisdicción española según el Tratado de Tordesillas. Siguiendo
la costa, el 15 de febrero de 1502 ¡los portugueses le ceden el
mando de la flota a Vespucio! Y, según la misma carta Mundus
Novus, el florentino Vespucio, italiano al mando de una flota
portuguesa, pero en representación de los intereses españoles,
llegó la primera semana de abril de 1502 hasta los 50° de latitud
Sur en la actual Patagonia argentina, muy cerca de la entrada al
estrecho que en 1520 atravesaría el navegante portugués Fernando de
Magallanes, también al servicio de España. Pero, posteriormente, en
la carta que le dirigió a su amigo de la juventud Piero Soderini el
4 de septiembre de 1504, Vespucio se retracta: escribió que
solamente había llegadó hasta los 32° de latitud Sur.
El 10 de mayo de 1502
llegan a Sierra Leona, en la costa occidental de África; y a las
Azores a fines de julio, para finalmente retornar a Lisboa, con dos
naves, el 7 de septiembre de 1502. Después de viaje tan interesante,
Américo –seguramente satisfecho por sus recientes logros–, le
envió una carta a Lorenzo di Pier Francesco de Médici en mayo de
1503, la cual fue publicada con premura en Paris, en 1503 o 1504, con
el título Mundus Novus.
Quinto viaje de Vespucio a
América, segundo bajo bandera lusitana. Sale de Lisboa el 10 de mayo
de 1503. Parten seis naves, de las cuales cuatro están repletas de
“cristianos nuevos”, adinerados, que habían hecho un trato con
el rey Manuel I de Portugal. Primero se dirigen a la costa de Sierra
Leona en el occidente de África, y desde allí, Américo cruza el
Atlántico con solamente dos naves, arribando a la bahía de Todos
los Santos (Salvador de Bahía), en la costa de Brasil. De esta
manera, Américo tiene el deshonor de inaugurar “oficialmente” la
ruta directa entre África y Salvador de Bahía, que ya había sido
tantas veces transitada por los árabes durante casi ocho siglos, y
por los portugueses más de ocho décadas.