La Cara Oculta
de la ONU (2001)
Michel Schooyans,
de nacionalidade belga, doutorado em filosofia e teologia, professor
universitário, sacerdote e membro da Academia Pontifícia de
Ciências Sociais do Vaticano tem uma vasta obra publicada no campo
da filosofia política. Não sendo uma personalidade situada nas
margens (o então cardeal Joseph Ratzinger prefaciou uma das suas
obras em 1997) é notável que, num tempo em que muita da hierarquia
católica não se terá ainda apercebido do verdadeiro cariz da ONU –
ou receará afrontá-la, a avaliar pelo seu silêncio –, Michel
Schooyans tenha
aqui alertado,
já lá vão quase 20 anos, para
os poderes e os objectivos
que se ocultam sob uma
aparência
benigna dessa organização.
Publicado originalmente em
inglês em 2001, sob o título The
Hidden Face of the United Nations,
esta é a versão em língua espanhola, editada
no México no ano seguinte, e agora oferecida na própria página do autor, após algumas dificuldades na divulgação do livro ao longo dos anos
seguintes.
Considerava
Michel Schooyans que a ONU se havia deslocado, 50 anos depois da sua
fundação, do foco inicial nos direitos humanos e na democracia,
para uma organização empenhada na engenharia social ao serviço de
um novo totalitarismo. Se as suas conclusões se revelam certeiras, a
análise dos precedentes parece demasiado condescendente; foi por
isso uma surpresa, como leitor, constatar que Schooyans aceita sem
pestanejar as bases fundacionais da ONU: o antropocentrismo, que
considera uma tradição histórica, mesmo na própria Igreja. Estou
convencido que neste ponto particular há um qualquer enviesamento: a
Igreja sempre foi teocêntrica, pelo menos até um passado recente; e
é sabido que o Papa Pio XII não nutria qualquer simpatia sobre a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, pela qual Schooyans
tem tão alta consideração, pois considerava-a, com razão, infecta
de jacobinismo; foi mesmo preciso esperar mais de uma década, até
ao pontificado seguinte, para João XXIII subscrever a declaração,
numa versão católica. Schooyans poderá queixar-se de uma deriva
ideológica, mas não será ela o florescer lógico de uma sementeira
daninha?
Michel Schooyans
denuncia o papel da ONU na tentativa de se arvorar a um poder
supranacional, ganhando predomínio sobre legislações nacionais,
reduzindo a soberania das nações a uma função residual, excedendo
cada vez mais o seu mandato, numa concentração de poder sem
precedentes. A chamada busca do “consenso” que suporta este tipo
de medidas não significa uma adesão de nações e povos a
princípios-base e a valores comuns, mas decisões que configuram a
tirania da maioria rumo a um governo mundial, que será implementado
pelo suborno, chantagem, ou pela força se necessário. Para esse
objectivo contribuem a imposição do Tribunal Penal Internacional, o
acosso das ONGs, os “novos direitos humanos”, o aborto, a
homossexualidade e respectiva adopção parental, as “famílias”
de “modelos” múltiplos, a eutanásia, a ideologia de género,
tendo já entreaberto as portas à pedofilia. Apresenta-se assim como
um novo absolutismo iluminado, alicerçado no relativismo, no
cientificismo darwinista, no holismo new age, que visa não só
revogar os direitos humanos originalmente proclamados em 1948, como
também redefinir o Direito (os capítulos XI a XIV, que analisam a
concepção jurídica de Hans Kelsen, adoptada pela ONU, são
particularmente preocupantes). E, por fim, fomentar uma nova religião
mundial, pois a globalização exige também o domínio da
consciência individual.
Na terceira parte
do livro, Schooyans afirma que esta deriva ideológica da ONU, por
inconsistente e antinatural está destinada ao fracasso, com o
contributo da oposição firme da Igreja e dos católicos. Diz
textualmente no capítulo XVIII: «A Igreja tem um serviço urgente a
prestar à comunidade humana: chamar a sua atenção sobre os desvios
da ONU. A sua valentia não deixará de despertar os restantes
valentes.» Seria interessante saber o que ele pensa sobre isso,
agora que se passaram quase 20 anos sobre a publicação e as
posições da ONU têm saído fortalecidas, enquanto a Igreja
permanece muda. Tanto mais que, com o pontificado
de Bergoglio, muitos católicos consideram que o cheiro a enxofre
invadiu já o próprio Vaticano...
A face oculta
da ONU não será assim tão oculta, pois a sua actividade está
publicada e ao alcance de quem a quiser ler, revelando a agenda que
lhe está subjacente; uma agenda nem sempre óbvia para quem
acompanha nos media as medidas avulsas e espaçadas no tempo,
pouco escrutinadas e explicadas por quem teria a obrigação de o
fazer. A missão de paz e segurança da ONU (a tal aparência benigna
a um olhar superficial), serve agora uma lógica malthusiana e
internacionalista da hidra renascida, mais tenebrosa que nunca. A sua
segurança destina-se a proteger a nova ordem mundial da elite
globalista, e a sua paz será a paz dos cemitérios.
La
nueva concepción
de los derechos humanos se origina en una concepción
reductora del hombre. El clima hiperliberal actual lleva al
individualismo, al paroxismo. Estamos viviendo una revolución
antropológica:
el hombre ya no es una persona, un ser abierto a los demás
y a la trascendencia; ahora es un individuo, condenado a buscarse
verdades, a buscarse una ética. Es una unidad de fuerza, de interés
y de disfrute.
Esta
antropología fundamentalmente materialista, traerá como resultado
una concepción puramente empírica de los valores. Ya no podría
haber lugar para normas morales objetivas, comunes a todos los
hombres; ya no habría valores que se impusieran al hombre porque son
deseables en si. Ya no es posible, por ejemplo, inclinarse ante la
dignidad de todo hombre, sea el que sea. De ahora en adelante, los
nuevos valores, que Gérard-François Dumont denomina valores
invertidos, provienen de cálculos utilitarios regulados por
consenso. Estos valores invertidos se manifiestan en la frecuencia de
las elecciones que se observa entre los individuos. Los valores son
en última instancia lo que provoca placer a los individuos. Ahora
bien, estos valores no pueden hacer otra cosa que dividir a los
hombres, porque por mimetismo yo desearé lo que el otro desea. Así
pues, este concepto del valor, a final de cuentas no solo resulta
destructivo para el tejido social, sino que también constituye los
prolegómenos de una nueva barbarie.
Con
semejante concepción del hombre y de los valores, los derechos
humanos terminan por ser reducidos a un catálogo movible de
reivindicaciones puntuales de los individuos, se obtienen por
consensos sucesivos y son reflejo de una aritmética de los
intereses. Dado que ya no hay valores objetivos, y que de todas
maneras la razón no es capaz de conocerlos, el valor en su
concepción invertida resulta, a final de cuentas, lo que satisface
las pasiones del hombre. En resumen, el derecho fundamental del
hombre es el derecho de satisfacer sus pasiones individuales, y esto
es lo que deberá ratificar el derecho positivo.
La
felicidad no depende ya del bien común, puesto que ya no existe más
que el bien particular. Estamos en el punto opuesto del humanismo
tradicional, que sostiene que la felicidad depende del bien común,
gracias al cual la Ciudad atenta a la justicia general, y se esfuerza
por ofrecer a todos y cada uno de sus miembros las mejores
condiciones de realización personal. Con la ruina de la
universalidad de los derechos humanos, la felicidad ha quedado
limitada a ser el residuo del placer, e incluso de los placeres
individuales.