Francisco Rolão Preto
Textos Nacional-Sindicalistas (2014)
Rolão Preto é um nome injustamente
esquecido, do Portugal das décadas de 20 e 30 do século passado.
Oriundo das fileiras do Integralismo Lusitano, ideólogo principal do
28 de Maio, e impulsionador do Movimento Nacional-Sindicalista, a sua
visão revolucionária do Estado Novo acabou por entrar em choque com
a personalidade moderada de Oliveira Salazar. Este conflito levou
Rolão Preto a Espanha, onde ajudou José António Primo de Rivera a
estabelecer a Falange Espanhola, fornecendo-lhe boa parte do seu
ideário político e imagético. Não é por isso uma surpresa que
estes «Textos Nacional-Sindicalistas» sejam compilados e
editados pelas Ediciones Fides, de Tarragona.
O grosso do livro é a transcrição de
uma série de artigos publicados na revista Acción Española
entre 1933 e 1934, onde Rolão Preto começa por uma avaliação
global da Primeira República (uma avaliação extremamente negativa,
como é natural – ao contrário do que é correntemente veiculado
no actual regime, onde se pretende fazer um absurdo branqueamento
daquele período). Depois enuncia Os doze princípios da produção,
uma síntese do programa político nacional-sindicalista, explicados
pormenorizadamente ponto por ponto. Seguem-se dois artigos de 1938,
publicados na revista FE. Doctrina del Estado
Nacional-Sindicalista, e, por último, uma polémica com Santa
Cruz, artigo e contra-artigo, mantida no jornal A Época em
1922, onde Rolão Preto faz a defesa do recém-triunfante movimento
fascista italiano por oposição ao cepticismo do seu opositor, um
homem do clero, ligado ao centro liberal e católico, que considerava
Mussolini um fenómeno passageiro.
Uma das facetas mais interessantes do
nacional-sindicalismo, na minha opinião, foi não ter desenvolvido
um conceito de nacionalismo anti-castelhano/espanhol, mas, pelo
contrário, ter afirmado que a aliança dos Estados peninsulares é o
primeiro pilar que pode suportar um novo renascimento comum. Quem se
der ao trabalho de ler o actual programa eleitoral da FE de las JONS
verá que é proposta uma frente ibérica – política, económica e
militar – dinamizadora de um grande bloco mundial (unindo a
Hispano-América e outros países historicamente ligados a Espanha –
e os PALOPs logicamente) que possa fazer frente ao imperialismo
capitalista anglo-saxónico.
O excerto abaixo citado pertence a um
dos artigos publicados na revista da FE, em 1938. «Lisboa, não
sejas francesa» – já dizia a velha canção...
Portugal está cambiando
su personalidad característica, nítida, por un modo de ser que
responde a un compromiso entre su verdadero temperamento y su
interpretación del modo de ser francés; día a día se siente más
apartado de España, su hermana de origen.
La idiosincrasia del
pueblo español rechaza, en gran parte, a aquellos portugueses que
podrían sentirse en contacto con él. Los españoles son, por
naturaleza, definidos, terminantes, sin asombro. Cuando odian, lo
mismo que cuando aman, lo hacen por completo, perdiendo hasta la
noción de sí mismos.
El término medio, no
tiene posibilidad de éxito en tierra española. El término medio,
es francés. Educados a la francesa, no tenemos ninguna curiosidad
por la España que no entendemos, que hemos dejado de entender y que,
por tanto, totalmente ignoramos.
Y han contribuido a
reforzar esta actitud las determinantes históricas de una política
de aislamiento portugués respecto a la península madre. Con las
costas vueltas a España, miramos hacia otros horizontes, en busca de
satisfacciones espirituales o de apoyo para nuestra política
externa.
Nuestra ignorancia de
España es, así, completa.
Mientras no se nos pasa
desapercibido el último mono de las artes, de las ciencias, de las
investigaciones históricas, que hayan nacido en Francia, somos
totalmente ajenos a todos los aspectos de la cultura española. Esto
en lo que a inspiración espiritual se refiere, que de lo tocante a
inspiración de nuestra política externa, será inútil hablar.
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