Cristóbal
de Acuña
Nuevo
descubrimiento del Gran Río de las Amazonas (1641)
Nascido
em Burgos, em 1597, Cristóbal de Acuña foi um missionário jesuíta
que passou grande parte da sua vida nas Índias Ocidentais, onde
morreu, em Lima, em 1675. Este livro, Nuevo descubrimiento del
Gran Río de las Amazonas, relata a viagem cartográfica feita
com a Armada Portuguesa, sob o comando de Pedro Teixeira.
Pedro
Teixeira saiu do Pará a 28 de Outubro de 1637, com 47 grandes
canoas, 70 soldados portugueses, 1200 índios guerreiros e remadores,
acompanhados de mulheres e crianças ajudantes num total que
ultrapassava as 2000 pessoas. À sua frente destacou um grupo
batedor, comandado pelo coronel Benito Rodrigues de Oliveira, que
chegou ao Puerto de Payamino, primeiro estabelecimento castelhano, na
jurisdição de Quito, a 24 de Junho de 1638. Os dois acabaram por se
reunir na cidade de Quito e foi a partir de Lima, onde se situava a
capital do vice-reino do Peru, que receberam o encargo de fazer a
viagem no sentido inverso, com todos os meios necessários, para o
reconhecimento do território em favor da Coroa. Foi também nomeado
para a expedição o padre Cristóbal
de Acuña, então reitor do
colégio da Companhia de Jesus
em Cuenca, Quito, acompanhado do padre Andrés de Artieda, leitor de
teologia no mesmo colégio. A
viagem iniciou-se a 16 de Fevereiro de 1639, e
a chegada ao Pará deu-se no dia 12 de Dezembro desse mesmo ano.
Cristóbal de Acuña levou o seu trabalho a
sério e esmerou-se na objectividade e sistematização da informação
recolhida. Quando, à entrada do Rio Negro, os principais oficiais da
armada pensavam subir este rio para capturar escravos, e assim tornar
rentável uma viagem que se lhes apresentava financeiramente
desfavorável, Cristóbal de Acuña apresentou por escrito o seu
protesto, reforçando a posição isolada em que se encontrava Pedro
Teixeira, lembrando aos oficiais o dever de concluir a expedição o
mais rapidamente possível, sem delongas, para que pudesse voltar a
Espanha e apresentar o seu relatório ao rei Filipe IV.
Desde
o Alto Amazonas, onde o rio se desfia numa série de afluentes vindos
dos Andes, designados como
entradas
para as regiões onde os espanhóis se tinham já estabelecido,
Cristóbal de Acuña fala da imensidão
dessa bacia hidrográfica então ainda
por explorar, enumerando
muitos dos afluentes (alguns deles contam-se entre os maiores rios do
mundo) e geografias incertas, apontando particularidades da fauna, da
flora, do clima, das riquezas da terra e do rio – as madeiras, o
cacau, o tabaco, o açúcar, etc.
– e a enumeração
interminável de tribos, num
necessariamente breve
apanhado das suas principais características e
do território que ocupavam,
bem como o
que os índios lhe contaram
de lugares e tribos mais distantes, relatos onde por vezes se
descobre o exagero, ou
a pura patranha.
Entre
o término da viagem e a publicação do livro deu-se a Restauração,
e por esse motivo Cristóbal de Acuña acrescentou um apêndice
intitulado “Memorial apresentado no Real Conselho das Índias,
sobre o dito descobrimento depois da rebelião de Portugal”, onde
aconselha o rei a consolidar o seu domínio sobre este território a
partir do Peru, referindo-se
também ao perigo que representava a possibilidade dos holandeses
conquistarem
o curso inferior do rio.
Escrito
num espanhol arcaico, mas que se lê sem dificuldades de maior, como
se pode comprovar no trecho que se segue, esta
edição do 250º aniversário foi publicada em Madrid em 1891,
segundo a primeira edição.
Dizen que cercanos á su habitación, à la
vanda del Sur en Tierra firme, viuen, entre otras, dos naciones, la
vna de enanos, tan chicos como criaturas muy tiernas, que se llaman
Guayazís, la otra de vna gente que todos ellos tienen los pies al
reués, de suerte que quien no conociendo los quisiese seguir sus
huellas, caminaría siempre al contrario que ellos. Llámanse
Mutayus, y sónles tributarios á estos Tupiuambás, de hachas de
piedra para el desmonte de los árboles, cuando quieren cultiuar la
tierra, que las hazen muy curiosas, y de continuo se ocupan de
labrarlas.
A la vanda de enfrente, que es la del Norte,
dizen que están continuadas siete Prouincias bien pobladas, pero que
por ser gente para poco, y que solo se sustentan con frutas, y
animalillos siluestres, sin jamás sustentar guerras entre sí, ni
con otros, no hazen dellos caso.
También afirman que con otra nación que
confina con esta tubieron pazes mucho tiempo, auiendo comercio entre
ellos de lo que cada una en su Prouincia abundaua, y lo principal de
que los Tupinambás se proueían era de sal, que los amigos les
traían por sus rescates, que afirmauan venirles de otras tierras
vezinas á las suyas, cosa que si se descubriese sería de grande
vtilidad para la conquista, y poblaciones deste Rio.
Y quanto aquí no se halle, se ha de descubrir
en grande abundancia en un rio de los que baxan de ázia el Perú; de
donde el año de treinta y siete, estando ya en la Ciudad de Lima,
salieron dos hombres que de lance en lance, aportaron por aquellas
partes, a cierto parage, donde baxando por vno de los ríos, que en
este principal desaguan, dieron con vn gran cerro todo de sal, de que
los moradores tenían el estanco, sustentándose ricos, y abundantes,
con las pagas que por ella recibían, de los que de más lejos la
venían á contratar.
Ningún comentario:
Publicar un comentario