Leon Tolstoi
A Morte de Ivan Ilitch (1886)
Ivan Ilitch, um homem com uma carreira
profissional de sucesso e uma família burguesa perfeitamente
integrada na sociedade, confronta-se com a sua própria mortalidade e
o efeito que a sua morte, prematura e prenunciada, produz em todos
quantos o rodeiam.
Nesta edição incluem-se ainda os
contos Senhores e Servos (1895), A Terra de que Precisa um
Homem (1886), O Prisioneiro do Cáucaso (1872) e Deus
vê a Verdade, mas Custa a Revelar (1872).
O
que mais fazia Ivan Ilitch sofrer era a mentira, aquela mentira
aceita por todos, não sabia por quê, de que ele se encontrava
apenas doente e não moribundo, e que seria suficiente repousar e
seguir à risca o tratamento para arribar.
E,
no entanto, sabia perfeitamente que, por mais coisas que fizesse,
tudo seria inútil e os sofrimentos se prolongariam, ainda mais
cruéis, até a morte. E a mentira o atormentava pelo fato de não
quererem admitir uma coisa que todos viam claramente, inclusive ele
e, descaradamente mentindo, o obrigassem a participar daquela farsa.
Aquela mentira, que lhe era pregada nas portas da morte, aquela
mentira que rebaixava o solene e terrível desenlace ao nível das
suas visitas, das suas cortinas, do esturjão que comera no jantar,
era horrivelmente dolorosa para Ivan Ilitch. E, coisa estranha,
quando eles à sua volta começavam com tais fingimentos, mil vezes
teve vontade de desmascará-los: «Chega de embustes! Vocês sabem,
tão bem quanto eu, que estou morrendo! Não quero mais ouvir
mentiras!» Mas nunca teve ânimo de fazê-lo.
Li anteriormente:
Guerra e Paz (1869)
Ana Karenina (1878)
Polikuchka, o Enforcado (1863)
Polikuchka, o Enforcado (1863)
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