Fernando Pacheco
de Amorim
25 de Abril –
Episódio do Projecto Global (1996)
Este é um bom
livro para se ler no aniversário de uma das datas mais funestas dos
quase 900 anos de História de Portugal, fugindo assim à
regurgitação que os meios de comunicação do regime promovem, ano
após ano, cúmplices na propaganda e no branqueamento dos factos. Um
livro, segundo o autor, dirigido sobretudo às novas gerações que,
tendo noção do embuste, procuram a informação suprimida que
permite interpretar correctamente o curso dos eventos. Que o 25 de
Abril não foi aquilo que que consta da narrativa oficial, qualquer
pessoa com um mínimo de curiosidade consegue perceber – a
“coincidência” da chegada de uma esquadra da NATO ao Tejo no dia
22; o significado do cravo vermelho, símbolo da Revolução (mas
também dos Rothschilds e dos banqueiros londrinos), e que, em
Portugal, só floresce um mês mais tarde...
A primeira parte
do livro debruça-se sobre John Ruskin e Cecil Rhodes, as origens do
globalismo, e a forma como as suas ideias se dispersaram
discretamente pelo mundo anglo-saxónico, estando na origem de
“eventos” que mais não são do que história dirigida. Descreve
também como o mundo financeiro, por trás de fundações isentas de
impostos, canaliza lucros não tributados para o financiamento do
pensamento único, controlando facilmente todos os principais órgãos
de informação, comentadores políticos, direcções de
Universidades, intelectuais, que reagem em uníssono cada vez que o
establishment está em risco, nas habituais manobras de
manipulação de opinião pública.
Depois enquadra o
25 de Abril neste esquema geral de eventos, tentando responder às
perguntas “O que foi? Quem o promoveu? O que pretendia? Em que
resultou?”, agregando os factos isolados num todo coerente que
explica a Revolução como um lance mais no grande tabuleiro do
globalismo, destinado a arrebatar o Ultramar dos portugueses para o
entregar aos obscuros interesses dos que o cobiçavam.
Fernando Pacheco
de Amorim segue neste livro um fio de análise não muito vulgar no
nosso país, muito menos na época em que foi escrito. O livro peca,
talvez, por recorrer demasiadas vezes a alusões veladas, partindo do
princípio que o leitor as identificará, o que contradiz a vontade
manifestada de se dirigir aos jovens, para quem os factos descritos
são já História. É também penoso verificar como em todo o seu
texto, enumerando os protagonistas e os agentes por trás do impulso
globalista, nem uma única vez denuncie o que a grande maioria têm
em comum – à excepção de um único nome perdido no extenso
índice onomástico – são judeus! O globalismo, ou NOM, só
triunfa enquanto conseguir manobrar nas sombras; uma vez exposto
perderá o seu poder. Fernando Pacheco de Amorim desperdiçou aqui
uma excelente oportunidade de focalizar um pouco mais o seu ponto.
A oportunidade
surgiu quando tive a honra de conhecer e de contactar numerosas vezes
com o Senhor Contra-Almirante Pinheiro de Azevedo. Tive então
ocasião de perguntar ao Senhor Contra-Almirante a que tinha
obedecido a alteração do programa das F.A. e da legislação então
publicada, em relação ao Ultramar, isto é, porque não se tinha
aguardado uma nova Constituição para então dar cumprimento às
resoluções da ONU.
O Senhor
Contra-Almirante informou-me então que o que levou a alterar o
compromisso assumido pelo MFA perante a Nação, tinha sido uma
resolução tomada em reunião do Conselho de Estado. Disse-me que
estivera várias vezes para denunciar publicamente este facto, mas
que sempre hesitara com o receio de aumentar ainda mais, com a sua
revelação, a grande confusão então existente.
Que se passara em
tão importante reunião do Conselho de Estado, mantida tão secreta
pelos seus membros num País onde não é possível guardar segredos?
Logo me assaltou
a suspeita de que só a má consciência dos seus membros poderia
conseguir um tal milagre neste País de linguareiros.
O Senhor
Contra-Almirante confirmou-me essa suspeita! Na verdade informou-me
que em determinada reunião daquele órgão de soberania, o Prof.
Freitas do Amaral defendera, numa extensa exposição, que não seria
necessário esperar por uma nova Constituição para se dar início
ao processo de descolonização, pois que a legislação em vigor
permitia que se lhe desse início.
O Senhor
Contra-Almirante, ainda a propósito do Prof. Freitas do Amaral,
disse-me que após a sua exposição, os militares, embaraçados, se
entreolharam, surpreendidos, mas naturalmente sem argumentos para
combater os da tese apresentada e que, os restantes membros do
Conselho que poderiam ter argumentado dada a sua formação
académica, logo se manifestaram em calorosos elogios à proposta
apresentada, tendo ficado desde logo decidido dar-se início à
descolonização.
Estava dado o
primeiro passo de uma grande tragédia.
Tendo, mais
tarde, procurado informar-me de quem tinha acesso às actas do
Conselho de Estado, para me certificar da exactidão da informação
que o Senhor Contra-Almirante me tinha dado, constou-me que o Senhor
General Eanes, logo após a tomada de posse da Presidência da
República, tendo querido chamar a si aquelas actas e as da Comissão
da Descolonização foi informado do seu desaparecimento. Será
verdade? Não me surpreende que o seja. Haverá alguém que se
surpreenda?
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