Gustavo Barroso / vários autores
Os Protocolos dos Sábios de Sião
(1936)
Se alguém pensasse em eleger o livro
mais escandaloso do séc. XX, os candidatos óbvios haviam de ser
Lolita, O Amante de Lady Chatterley, ou um qualquer
livro de Henry Miller. No entanto, Os Protocolos batem-nos a
todos juntos, porque, mais do que uma ficção desbragada, trata de
uma realidade incontestável que se pretende ocultar e desacreditar.
Sobre Os Protocolos já se escreveram rios de tinta e é
inútil chover no molhado. Àqueles que continuam a desvalorizá-los
e a apodá-los de falsificação, basta relembrar que aqueles
escritos com mais de um século (apareceram em 1898 na Rússia
czarista e foram registados no British Museum em 1906) contêm uma
agenda política que tem sido seguida ponto por ponto na sua
concretização metódica, o que torna irrelevante a questão da sua
origem, ou da alegada falsificação, levantadas como cortina de
fumo.
Encontrei um comentário de Ramón Bau
que sintetiza toda a questão: «Os Protocolos são uma leitura
fundamental, não como um documento histórico, cujo valor pode ser
mais ou menos discutido, e menos ainda no que toca à autenticidade
da sua origem. O importante é analisar se as suas previsões e as
suas recomendações são autênticas, se se cumprem, e se reflectem
a estratégia do Inimigo do Mundo. Por isso nunca me preocupei em
defender se estes documentos foram ou não escritos por sionistas ou
pela polícia do Czar ou por quem quer que seja — essa é uma
questão, por agora, irrelevante. O que realmente importa é que
descrevem exactamente a estratégia do sionismo mundial.»
Gustavo Barroso foi um historiador,
romancista e ensaísta brasileiro, fundador do Museu Histórico
Nacional, reconhecido internacionalmente e condecorado em Portugal
com a Comenda da Ordem Militar de Cristo e a Grã-Cruz da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada. Foi membro da Academia Portuguesa da
História, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia de
Belas Artes de Portugal, entre outras instituições portuguesas. Foi
líder da fugaz Ação Integralista Brasileira e um dos seus
principais ideólogos. Em 1936 publicou a tradução portuguesa de Os
Protocolos dos Sábios de Sião, que a “mão invisível”
rapidamente fez desaparecer de circulação, até que em 1991, por
iniciativa de S.E. Castan e da Revisão Editora, voltou ao prelo. A
edição original, da Agência Minerva, de São Paulo, inclui ainda o
prefácio da versão francesa de 1912, “O Perigo Judaico” por
Roger Lambelin, e um segundo texto, do alemão W. Creutz, sobre a
autenticidade do documento. Nesta edição, os
24 Protocolos são anotados e comentados por Gustavo
Barroso, reunindo citações de outros textos bem identificados, que
complementam o objecto de análise. (Note-se que onde Barroso aplicou
a palavra cristão/cristãos, poderia ter traduzido pelo
conceito mais abrangente de gentio/gentios: os não-judeus).
Publicados desde o início do séc. XX,
Os Protocolos popularizaram-se após o final da Grande
Guerra, quando houve a percepção geral que determinado curso de
eventos históricos já verificados e ali referidos, não eram
previsíveis à data do seu aparecimento. A polémica agudizou-se e a
comunidade judaica tentou por todos os meios à sua disposição
impedir a circulação do texto que, recorde-se, clamava ser uma
falsificação. Dos três excertos escolhidos, dois são comentários
— o primeiro versa a admissão da veracidade do texto pelos
próprios judeus; o segundo sobre o espírito dos Protocolos
nos textos sagrados — e, o terceiro, uma citação dos próprios
Protocolos (“a
quinta-essência do pensamento judaico”) acerca da
“Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Em 30 de novembro de 1934,
à página 58 da revista "American-Hebrew", a mais
importante publicação judaica dos Estados Unidos, vem um editorial
sôbre o processo dos "Protocolos", então recentemente
instaurado na Suíça.
Dêle extraímos e
traduzimos o seguinte trecho : "A questão da autenticidade dos
pretensos "Protocolos" é de importância
absolutamente mínima. Só pode interessar aos historiadores. Por
que, mesmo se a autenticidade dêsse documento fosse provada, que
significaria isso? Simplesmente que um grupo de homens desejava
conquistar o mundo. Mas qual o povo que não alimentou êsse sonho em
certa época de sua história? Pois bem, admitamos que alguns
chefes de Israel tenham tido essa idéia. Por que não?"
E' o cúmulo da impudência
e da desfaçatez ! A importância do caso é mínima. Entretanto, na
sala do tribunal, o grande rabino Ehrenpreiss, vindo de Estocolmo,
declara com ênfase "Dezasseis milhões de judeus esperam
ansiosamente o veredito !" E outra testemunha judaica exclama :
"Trata-se da honra de Israel !"
Os judeus norte-americanos
admitiram por êsse artigo a possibilidade da autenticidade dos
"Protocolos". Até agora, todo o judaísmo a contestava.
Agora, ela já é possível. E', diante de sua possível prova, a
retirada garantida : todos os povos têm tido sonhos de domínio
universal : por que os judeus não podem tê-lo ?
E' verdade, registra um
comentador alemão, que todos os povos tentaram realizar seus sonhos
de ambição ou gloria, mas nenhum pelos processos infames
preconizados nos infames "Protocolos" . . .
[...]
O espírito dos
"Protocolos" provém dos próprios livros sagrados dos
hebreus, é fundamentalmente israelita. Encontraremos o resumo do
plano do domínio mundial pelos judeus no livro do profeta conhecido
dos exegetas como o Segundo Isaías, Deutero-Isaías :
"As nações se
reünirão para prestar homenagem ao povo de Deus ; tôda a
fortuna das nações
passará para o povo judeu ; elas caminharão, agrilhoadas como
cativas, atrás do povo judeu e se prosternarão diante dêle ;
os reis serão aios dos filhos de Israel e as princesas amas de seus
filhos. Os judeus governarão as nações ; chamarão a si os povos
que nem mesmo conheçam, os quais correrão para êles. As
riquezas do mar e a fortuna das nações virão elas próprias
para os judeus. O povo e o reino que não servirem Israel serão
destruídos. O Povo Eleito beberá o leite das nações e
sugará o seio dos reis, devorará a fortuna das nações e se
cobrirá de esplendor".
Será possível que,
diante de documentos desta ordem, diante de provas tão concludentes
do plano de domínio judaico, os cristãos continuem a não querer
ver o perigo, a abandonar suas tradições e a seguir as novidades
ilusórias criadas pela magia de Israel para os botar a perder e os
escravizar ?
O' cristão, ao menos
escolhe o môlho com que queres ser comido no banquete de Leviatan, a
que alude Calixto de Wolski, no banquete do dia glorioso em que o
judaísmo comemorará sua vitória sôbre as ruínas do mundo cristão
!...
[...]
Fomos nós os primeiros
que, já na antiguidade, lançámos ao povo as palavras "Liberdade,
Igualdade, Fraternidade", palavras repetidas tantas vêzes pelos
papagaios inconcientes, que, atraídos de tôda a parte por essa
isca, dela sòmente têm usado para destruir a prosperidade do mundo,
a verdadeira liberdade individual, outrora tão bem garantida dos
constrangimentos da multidão. Homens que se julgavam inteligentes
não souberam desvendar o sentido oculto dessas palavras, não viram
que se contradizem, não repararam que não há igualdade na
natureza, que nela não pode haver liberdade, que a própria natureza
estabeleceu a desigualdade dos espíritos, dos caracteres e das
inteligências, tão fortemente submetidos às suas leis ; êsses
homens não sentiram que a multidão é uma fôrça cega ; que os
ambiciosos que elege são tão cegos em política quanta ela ; que o
iniciado, por mais tolo que seja, pode governar, enquanto que a
multidão dos não iniciados, embora cheia de gênio, nada entende da
política. Tôdas essas considerações não abrolharam no espírito
dos cristãos ; entretanto, é nisso que repousa o princípio
dinástico dos governos ; o pai transmite ao filho os segredos da
política, desconhecidos fora dos membros da família reinante, a fim
de que ninguém os possa trair. Mais tarde, o sentido da transmissão
hereditária dos verdadeiros princípios da política se perdeu. O
êxito de nossa obra aumentou.
Todavia, no mundo, as
palavras Liberdade, Igualdade, Fraternidade puseram em nossas
fileiras, por intermédio de nossos agentes cegos, legiões inteiras
de homens que arvoraram com entusiasmo nossos estandartes. Contudo,
tais palavras eram os vermes que roíam a prosperidade dos
não-judeus, destruindo por tôda a parte a paz, a tranqüilidade, a
solidariedade, minando todos os alicerces de seus Estados. Vereis
pelo que se segue como isso serviu ao nosso triunfo ; isso nos deu,
entre outras cousas, a possibilidade de obter o triunfo mais
importante, isto é, a abolição dos privilégios, a própria
essência da aristocracia dos cristãos, o único meio de defesa que
tinham contra nós os povos e as nações. Sôbre as ruínas da
aristocracia natural e hereditária, elevamos nossa aristocracia da
inteligência e das finanças. Tomamos por critério dessa nova
aristocracia a riqueza, que depende de nós, e a ciência, que é
dirigida por nossos sábios.
Nosso triunfo foi ainda
facilitado pelo fato de, nas nossas relações com os homens de quem
precisamos, sabermos tocar as cordas mais sensíveis da alma humana :
o cálculo, a avidez, a insaciabilidade dos bens materiais, tôdas
essas fraquezas humanas, cada qual capaz de abafar o espírito de
iniciativa, pondo a vontade dos homens à disposição de quem compra
sua atividade.
A idéia abstrata da
liberdade deu a possibilidade de persuadir às multidões que um
govêrno não passa de gerente do proprietário do país, que é o
povo, podendo-se mudá-lo como se muda de camisa.
A removibilidade dos
representantes do povo coloca-os à nossa disposição ; êles
dependem de nossa escolha.
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