Robert A. Heinlein
Os Filhos de Matusalém (1958)
O
conto Methuselah's Children foi publicado em fascículos
em 1941, na revista Astounding Science Fiction, e expandido
para a dimensão de novela em 1958. Aqui se introduz a personagem de
Lazarus Long, nascido em 1912, que reaparecerá noutras novelas e
também nos contos que foram reunidos sob o título Future
History.
A Fundação Howard, criada em 1874 e
operando discretamente, conseguiu expandir consideravelmente a
longevidade humana pela promoção da selecção genética. Em 2136,
onze anos depois da exposição pública da experiência, as Famílias
Howard, totalizando então cerca de cem mil indivíduos, são alvo de
uma onda crescente de discriminação e perseguição, devido à
crença geral que o resultado obtido se deve não apenas à genética,
mas a um "segredo" tecnológico que eles guardam apenas
para si. A situação torna-se tão explosiva que as Famílias Howard
se vêm levadas a um êxodo precipitado, a bordo de uma nave
recém-construída, na procura de um nova Terra, onde possam viver em
paz. Mas o que encontram está longe de ser satisfatório...
— Hum... Andy, quando é que lá
chegamos?
Libby encolheu os ombros com desespero.
— Não tenho nenhum enquadramento de referência. Que é o tempo
sem uma referência de espaço?
Tempo e espaço, inseparáveis e
unos... Libby ficou a pensar no assunto muito depois de os outros
terem saído. Na verdade, ele tinha o enquadramento da própria nave
e por isso havia necessariamente um tempo da nave. Os relógios da
nave tiquetaqueavam ou zumbiam ou moviam-se simplesmente; as pessoas
tinham fome, alimentavam-se, cansavam-se, descansavam. Os
radioactivos deterioravam-se, os processos físico-químicos
avançavam para estados de maior entropia, a própria consciência de
Libby tinha a percepção da duração.
Mas o pano de fundo das estrelas,
contra o qual todas as funções de tempo da história do homem
tinham sido medidas, desaparecera. Tanto quanto os seus olhos ou
qualquer instrumento da nave lhe podiam dizer, tinham perdido a
relação com o resto do universo.
Que universo?
Não havia universo. Desaparecera.
Estariam em movimento? Pode haver
movimento quando não há nada para ultrapassar?
Contudo, o falso peso conseguido pela
rotação da nave persistia. Rotação em relação a quê?, pensou
Libby. Seria que o espaço possuía uma textura verdadeira, absoluta,
não relacional própria, como a que fora postulada para o de há
muito abandonado éter que as experiências clássicas de
Michelson-Morley não tinham conseguido detectar? Não, mais que isso
— cuja própria possibilidade de existência tinham negado?
Lá por isso, também tinham negado a
possibilidade de uma velocidade superior à da luz. Teria a nave
realmente passado a velocidade da luz? Não seria mais provável que
ela fosse um caixão, tendo fantasmas por passageiros, dirigindo-se
para lugar nenhum em tempo nenhum?
Li anteriormente:
O Dia Depois de Amanhã (1949)
O Gato que Atravessava as Paredes
(1985)
Cidadão da Galáxia (1957)
Ningún comentario:
Publicar un comentario