30 de xaneiro de 2024

Brighter Than A Thousand Suns


Robert Jungk
Brighter Than A Thousand Suns (1956)

Robert Jungk, autor de Mais Brilhante do que Mil Sóis, escritor e jornalista judeu nascido na Alemanha, tem, como tema dominante da sua obra literária, as questões levantadas pelo surgimento do armamento nuclear. Este livro em particular, balizado entre os anos de 1918 e 1955, acompanha as descobertas da Física que deram o suporte teórico ao desenvolvimento da bomba atómica (e à corrida ao armamento nuclear que se lhe seguiu), bem como as questões éticas e morais que se levantaram ante os cientistas, conscientes que o resultado do seu trabalho permitiria abrir portas ao aparecimento de armas de destruição massiva. Foi, igualmente, o primeiro livro publicado acerca do Projecto Manhattan. Resultado de entrevistas pessoais com os envolvidos na primeira linha da investigação – acompanhando essencialmente o seu ponto de vista e posicionamento – o livro acabou por se tornar objecto de controvérsia, ou porque alguns entrevistados contestaram a interpretação, ou até o sentido das suas declarações, ou porque o próprio Jungk considerou ter sido propositadamente induzido em erro com alguma da informação recebida. O certo é que num meio tão sensível e envolto em secretismo, a partir do momento em que foi capturado pela aplicação militar, é natural que as verdades de ontem se tornem nas mentiras de hoje. É, ainda assim, uma leitura quase viciante, sobre um tema um tanto árido, que marcou aquelas décadas do século XX.

These scientists were not only concerned about their personal freedom. They desired in particular to be free to enlighten their fellow men about the terrors of the new weapon. When they read in the newspapers, at that time, that members of Congress were in favour of the United States keeping the secret of the atom bomb to themselves, the physicists would have liked to retort that there was no atomic secret which could not be detected within a very short time by any nation scientifically of the first rank. They would have liked to press for the immediate convocation, on American initiative, of an international conference on the control of atomic development, as had been desired by Bohr, Szilard, and the author of the Franck Report.
A special subject brought up by the scientists at Los Alamos was the game of hide-and-seek played by the Army with the problem of radioactivity. Even before the atomic weapon had first been used some physicists had entreated General Groves to allow pamphlets to be dropped at the same time as the bomb, pointing out the unfamiliar dangers of radioactivity arising from the explosion of this new weapon. This request had been refused by the military authorities, for they feared that such warnings might be interpreted as a confession that they had been employing a type of weapon like poison gas.
They proceeded, probably from similar motives, to try to divert attention from the radioactive effects of atomic bombardment. It was explained that there was now no dangerous radioactivity to be found in the ruins of Hiroshima, and the number of the victims who had been exposed, at the moment of the explosion, to a fatal dose of radiation or one likely to cause chronic illness, was kept secret. Groves stated openly at a Congressional hearing that he had heard death from radiation was 'very pleasant'.
[...]
Just as in August 1945 and February 1950, so now, for the third time, the entire world was seized with horror at the frightful violence of the new weapons. The Japanese fishermen had been far beyond the danger zone determined by the Americans. And yet they had been exposed, some 120 miles away from the point of explosion, to its effects. They reached their home port of Yaizu on 14 March, sick and weak with sufferings they could not account for, and were at once taken to the hospital.
It was rumoured that the scientists had lost control of the new bomb, which had liberated the terrific quantity of energy equal to between 18 and 22 million tons of TNT. Mike's explosive force had been equal only to 3 million tons of dynamite. It was admitted that the bang had been twice as powerful as had been anticipated. But even more disturbing than this news was the poisonous effect of the new projectile, which was identified during the following days in rain over Japan, in lubricating oil on Indian aircraft, in winds over Australia, in the sky over the United States, and as far away as Europe.
The previous bombs had affected only the conscience of mankind, so soon to relapse again into apathy; but the latest 'hell bombs', it was evident from the reports, endangered the air that man breathed, the water he drank, and the food that he ate. They menaced, even in times of peace, the health of every person, wherever he lived.


24 de xaneiro de 2024

Cabalgar el Tigre


Julius Evola
Cabalgar el Tigre (1961)

Cavalgar o Tigre é uma análise aos vários vectores convergentes nas causas da dissolução social que assola o mundo moderno – ou seja, a civilização ou a sociedade burguesa. Na primeira parte debruça-se sobre o niilismo europeu que tomou forma com a morte de Deus, a percepção de Dostoievski, e como Nietzsche tentou resolver a questão, transferindo o princípio superior para o Homem que, decididamente, não está à altura da tarefa, deixando, na sua crítica, uma frase assassina: "Um verdadeiro niilismo não deixaria sequer a salvo a doutrina do super-homem".
Percorre depois o existencialismo, considerando-o como sinal dos tempos, forçado e snob na sua face mais popularizada, anarcoide, anticonformista e rebelde; a sua origem nas tertúlias universitárias, tipicamente pequeno-burguesas, desligadas na prática do que caracterizava a corrente teórica, dominado por sentimentos análogos aos previstos por Nietzsche, que assaltariam o homem libertado de Deus, e, sem ter a estatura necessária, seria esmagado por eles. O existencialismo nunca conseguiu ser a superação do sistema nietzschiano, e é descrito como um beco sem saída.
A parte final do livro volta-se para a ciência moderna, como produto previsível do enquadramento onde nasceu, da sua relação com o conhecimento, contendo ainda alguns capítulos sobre outros aspectos que marcam a sociedade, como as artes, a política, a economia, etc., vistos à luz da premissa inicial deste livro – o lugar do "homem diferenciado" não é onde se defende (o mundo burguês), mas onde se ataca.

La ciencia moderna entera no tiene el menor valor de conocimiento; se funda incluso en una renuncia formal al conocimiento en el sentido verdadero del término. La fuerza motriz y organizadora del conocimiento no procede del ideal del conocimiento sino exclusivamente de la exigencia practica, podría incluso decirse de la voluntad de poder aplicada a las cosas, a la naturaleza. Que se nos comprenda bien: no hablamos aquí de las aplicaciones técnicas e industriales aunque es evidente que la ciencia les debe principalmente su prestigio entre las masas, ya que en ellas se ve una prueba perentoria de su validez. Se trata, por el contrario, de la naturaleza misma de los procedimientos científicos en la fase que precede a las aplicaciones técnicas, la fase llamada de "investigación pura". En efecto, la noción misma de "verdad" en el sentido tradicional es ajena a la ciencia moderna; esta se interesa únicamente en hipótesis y fórmulas que permitan prever con la mayor exactitud posible el curso de los fenómenos y llevarlos a una cierta unidad. Y como no es cuestión de "verdad", como tampoco se trata de ver, sino de "tocar"; la noción de certidumbre en la ciencia moderna se reduce a la de la "mayor probabilidad", que todas las certidumbres científicas tengan un carácter exclusivamente "estadístico", los hombres de ciencia lo reconocen abiertamente, y en la física más reciente de las partículas, más categóricamente que nunca, el sistema de la ciencia no es más que una pequeña red que se cierra más y más en torno a un quid que, en sí mismo, permanece incomprensible con el único fin de poder domesticarlo en vista a fines prácticos. 

Estos fines prácticos —repitámoslo— no conciernen más que en un segundo tiempo a las aplicaciones técnicas: sirven de criterio en el dominio mismo que debería ser el de conocimiento puro, en este sentido, incluso aquí, la tendencia fundamental es a esquematizar, ordenar la materia de los fenómenos de la forma más simple y manejable. Como se ha explicado muy justamente, un método se forma a partir de la fórmula simplex sigillum veri ["Lo simple es el sello de la verdad"], que confunde la verdad (o el conocimiento) con lo que no satisface más que a una necesidad práctica, exclusivamente humana, del intelecto. En último análisis, el impulso del conocer se transforma en un impulso para dominar, y es un sabio, Bertrand Russell, quien ha reconocido que la ciencia, de medio para conocer el mundo, se ha transformado en un simple medio para cambiar el mundo. […] 

La "objetividad" científica consiste únicamente en estar dispuesto en todo momento a abandonar las teorías e hipótesis en vigor, en cuanto se presentan otras susceptibles de controlar mejor la realidad y de hacer entrar en el sistema de lo que se había vuelto ya previsible y utilizable fenómenos que no habían sido aún estudiados o que parecían irreductibles: y esto en ausencia de todo principio válido de una vez por todas, por sí mismo, en virtud de su naturaleza intrínseca. Igualmente, quien puede utilizar un fusil moderno de largo alcance abandona pronto el fusil de pedernal.

Li anteriormente:
El Misterio del Grial (1937)
Imperialismo Pagano (1928)
Revolta Contra o Mundo Moderno (1934)

13 de xaneiro de 2024

El Error Espiritista

 


René Guénon
El Error Espiritista (1923)

Na esteira de O Teosofismo, René Guénon dedicou a sua atenção ao espiritismo, denunciando-lhe o carácter moderno, na teorização e interpretação dos fenómenos que pretende explicar. Uma vez mais, encontra-se aqui a crença no progresso, através da ideia da reencarnação, bem como um tom de fundo socialista e humanitário desde a sua origem, que espelha o pensamento dos seus fundadores, na primeira metade do séc. XIX, não chegando sequer a constituir uma pretensa doutrina – como a teosofia – mas, simplesmente um aglomerado grosseiro de convicções moralistas e sentimentalistas, próprias para a satisfação de uma vaga religiosidade. E ainda, não menos significativo, o aspecto essencialmente material de que se reveste a comunicação com os mortos, e a preocupação de envolver as suas teorias numa aparência «científica», tal como ela é entendida na modernidade. Admitindo, após excluir as muitas fraudes, que resta ainda um conjunto de fenómenos resistentes à catalogação, identificados em tempos e culturas diversas, cuja explicação está muito distante da que é proposta por espiritistas e "neoespiritualistas", Guénon adverte para os riscos desta prática, onde a teoria jamais se separa da experiência, concluindo que, se o espiritismo fosse unicamente teórico, seria muito menos perigoso do que é na realidade.

Pero volvamos a las enseñanzas de los «espíritus» y a sus innumerables contradicciones: admitiendo que esos «espíritus» sean aquello por lo que se dan, ¿qué interés puede tener escuchar lo que dicen si no concuerdan entre ellos, y si, a pesar de su cambio de condición no saben más que los vivos? Sabemos bien lo que responden los espiritistas, que hay «espíritus inferiores» y «espíritus superiores», y que estos últimos son los solos dignos de fe, mientras que los otros, bien lejos de poder «iluminar» a los vivos, tienen frecuentemente necesidad al contrario de ser «iluminados» por ellos; ello, sin contar con los «espíritus farsantes» a los que se deben un montón de «comunicaciones» triviales o incluso obscenas, y que es menester contentarse con desecharlas pura y simplemente; ¿pero cómo distinguir estas diversas categorías de «espíritus»? Los espiritistas se imaginan tratar con un «espíritu superior» cuando reciben una «comunicación» a la que encuentran de un carácter «elevado», ya sea porque tiene un matiz de prédica, o ya sea porque contiene divagaciones vagamente filosóficas; pero, desgraciadamente, las gentes sin partido tomado no ven en ellas generalmente más que un entramado de simplezas, y si, como ocurre frecuentemente, esa «comunicación» está firmada por un gran hombre, tendería a hacer creer que éste ha hecho todo lo contrario que «progresar» después de su muerte, lo que pone en entredicho el evolucionismo espiritista. Por otra parte, estas «comunicaciones» son las que encierran enseñanzas propiamente dichas; como las hay contradictorias, todas no pueden emanar igualmente de «espíritus superiores», de suerte que el tono serio que afectan, no es una garantía suficiente; ¿pero a qué otro criterio se puede recurrir? Cada grupo está naturalmente admirado ante las «comunicaciones» que obtiene, pero desconfía fácilmente de las que reciben los demás, sobre todo cuando se trata de grupos entre los cuales existe una cierta rivalidad; en efecto, cada uno de ellos tiene generalmente su médium titulado, y los médiums hacen prueba de unos increíbles celos al respecto de sus colegas, ya sea pretendiendo monopolizar ciertos «espíritus», o ya sea contestando la autenticidad de las «comunicaciones» de otro, y los grupos al completo les siguen en esta actitud; ¡y todos los medios donde se predica la «fraternidad universal» son así más o menos! Cuando hay contradicción en las enseñanzas, todavía es peor: todo lo que los unos atribuyen a «espíritus superiores», los otros ven en ello la obra de «espíritus inferiores», y recíprocamente, como en la querella entre reencarnacionistas y antireencarnacionistas; cada uno hace llamada al testimonio de sus «guías» o de sus controles, es decir, de los «espíritus» en quienes ha puesto su confianza, y que, bien entendido, se apresuran a confirmarle en la idea de su propia «superioridad» y de la «inferioridad» de sus contradictores. En estas condiciones, y cuando los espiritistas están tan lejos de entenderse sobre la cualidad de sus «espíritus», ¿cómo se podría dar fe a sus facultades de discernimiento? E, incluso si no se discute la proveniencia de sus enseñanzas, ¿pueden éstas tener mucho más valor que las opiniones de los vivos, puesto que estas opiniones, incluso erróneas, persisten después de la muerte, según parece, y no deben desvanecerse o corregirse sino con una extrema lentitud?
[...]
Al considerar las «comunicaciones» como acabamos de hacerlo, solo tenemos en vista las que se obtienen fuera de todo fraude, ya que las otras no tienen evidentemente ningún interés; la mayoría de los espiritistas son ciertamente de muy buena fe, y solo los médiums profesionales pueden ser sospechosos «a priori», incluso cuando han dado pruebas manifiestas de sus facultades. Por lo demás, las tendencias reales de los medios espiritistas se muestran mejor en los pequeños grupos privados que en las sesiones de los médiums de renombre; todavía es menester saber distinguir entre las tendencias generales y las que son propias a tal o a cual grupo. Estas últimas se traducen especialmente en la elección de los nombres bajo los cuales se presentan los «espíritus», sobre todo aquellos que son los «guías» titulados del grupo; se sabe que son generalmente nombres de personajes ilustres, lo que haría creer que éstos se manifiestan con mucha mayor frecuencia que los demás y que han adquirido una especie de ubicuidad (tendremos que hacer una precisión análoga sobre el tema de la reencarnación), pero también que las cualidades intelectuales que poseían sobre esta tierra han disminuido penosamente. En un grupo donde la religiosidad era la nota dominante, los «guías» eran Bossuet y Pío IX; en otros donde priva la literatura, son grandes escritores, entre los cuales el que se encuentra lo más frecuentemente es Víctor Hugo, sin duda porque también era espiritista. Solamente, hay esto de curioso: en Víctor Hugo, no importa quién o incluso no importa qué se expresaba en verso de una perfecta corrección, lo que concuerda con nuestra explicación; decimos no importa qué, ya que recibía a veces «comunicaciones» de entidades fantasiosas, como la «sombra del sepulcro» (y no hay más que dirigirse a sus obras para ver su proveniencia); pero, en el común de los espiritistas, Víctor Hugo ha olvidado hasta las reglas más elementales de la prosodia, si aquellos que le interrogan las ignoran ellos mismos.

Li anteriormente:
El Teosofismo: Historia de una pseudorreligión (1921)
O Esoterismo de Dante (1925)
El Reino de la Cantidad y los Signos de los Tiempos (1945)