25 de abril de 2014

A Morte de Ivan Ilitch


Leon Tolstoi
A Morte de Ivan Ilitch (1886)


Ivan Ilitch, um homem com uma carreira profissional de sucesso e uma família burguesa perfeitamente integrada na sociedade, confronta-se com a sua própria mortalidade e o efeito que a sua morte, prematura e prenunciada, produz em todos quantos o rodeiam.
Nesta edição incluem-se ainda os contos Senhores e Servos (1895), A Terra de que Precisa um Homem (1886), O Prisioneiro do Cáucaso (1872) e Deus vê a Verdade, mas Custa a Revelar (1872).

O que mais fazia Ivan Ilitch sofrer era a mentira, aquela mentira aceita por todos, não sabia por quê, de que ele se encontrava apenas doente e não moribundo, e que seria suficiente repousar e seguir à risca o tratamento para arribar.
E, no entanto, sabia perfeitamente que, por mais coisas que fizesse, tudo seria inútil e os sofrimentos se prolongariam, ainda mais cruéis, até a morte. E a mentira o atormentava pelo fato de não quererem admitir uma coisa que todos viam claramente, inclusive ele e, descaradamente mentindo, o obrigassem a participar daquela farsa. Aquela mentira, que lhe era pregada nas portas da morte, aquela mentira que rebaixava o solene e terrível desenlace ao nível das suas visitas, das suas cortinas, do esturjão que comera no jantar, era horrivelmente dolorosa para Ivan Ilitch. E, coisa estranha, quando eles à sua volta começavam com tais fingimentos, mil vezes teve vontade de desmascará-los: «Chega de embustes! Vocês sabem, tão bem quanto eu, que estou morrendo! Não quero mais ouvir mentiras!» Mas nunca teve ânimo de fazê-lo.

Li anteriormente:
Guerra e Paz (1869)
Ana Karenina (1878)
Polikuchka, o Enforcado (1863)

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