1 de maio de 2014

Os Filhos de Matusalém

Robert A. Heinlein
Os Filhos de Matusalém (1958)

O conto Methuselah's Children foi publicado em fascículos em 1941, na revista Astounding Science Fiction, e expandido para a dimensão de novela em 1958. Aqui se introduz a personagem de Lazarus Long, nascido em 1912, que reaparecerá noutras novelas e também nos contos que foram reunidos sob o título Future History.
A Fundação Howard, criada em 1874 e operando discretamente, conseguiu expandir consideravelmente a longevidade humana pela promoção da selecção genética. Em 2136, onze anos depois da exposição pública da experiência, as Famílias Howard, totalizando então cerca de cem mil indivíduos, são alvo de uma onda crescente de discriminação e perseguição, devido à crença geral que o resultado obtido se deve não apenas à genética, mas a um "segredo" tecnológico que eles guardam apenas para si. A situação torna-se tão explosiva que as Famílias Howard se vêm levadas a um êxodo precipitado, a bordo de uma nave recém-construída, na procura de um nova Terra, onde possam viver em paz. Mas o que encontram está longe de ser satisfatório...

— Hum... Andy, quando é que lá chegamos?
Libby encolheu os ombros com desespero. — Não tenho nenhum enquadramento de referência. Que é o tempo sem uma referência de espaço?
Tempo e espaço, inseparáveis e unos... Libby ficou a pensar no assunto muito depois de os outros terem saído. Na verdade, ele tinha o enquadramento da própria nave e por isso havia necessariamente um tempo da nave. Os relógios da nave tiquetaqueavam ou zumbiam ou moviam-se simplesmente; as pessoas tinham fome, alimentavam-se, cansavam-se, descansavam. Os radioactivos deterioravam-se, os processos físico-químicos avançavam para estados de maior entropia, a própria consciência de Libby tinha a percepção da duração.
Mas o pano de fundo das estrelas, contra o qual todas as funções de tempo da história do homem tinham sido medidas, desaparecera. Tanto quanto os seus olhos ou qualquer instrumento da nave lhe podiam dizer, tinham perdido a relação com o resto do universo.
Que universo?
Não havia universo. Desaparecera.
Estariam em movimento? Pode haver movimento quando não há nada para ultrapassar?
Contudo, o falso peso conseguido pela rotação da nave persistia. Rotação em relação a quê?, pensou Libby. Seria que o espaço possuía uma textura verdadeira, absoluta, não relacional própria, como a que fora postulada para o de há muito abandonado éter que as experiências clássicas de Michelson-Morley não tinham conseguido detectar? Não, mais que isso — cuja própria possibilidade de existência tinham negado?
Lá por isso, também tinham negado a possibilidade de uma velocidade superior à da luz. Teria a nave realmente passado a velocidade da luz? Não seria mais provável que ela fosse um caixão, tendo fantasmas por passageiros, dirigindo-se para lugar nenhum em tempo nenhum?

Li anteriormente:
O Dia Depois de Amanhã (1949)
O Gato que Atravessava as Paredes (1985)
Cidadão da Galáxia (1957)

Ningún comentario:

Publicar un comentario