11 de agosto de 2018

Rama Revealed

Arthur C. Clarke & Gentry Lee
Rama Revealed (1993)

Em Rama Revealed assiste-se à fuga de Nicole, que assim evita a execução, e à sua reunião com Richard, em New York, no preciso habitáculo que usaram em grande parte de Rama II. O passo seguinte é a reunião dos seus familiares e um par de amigos, que também escapam de New Eden e se dirigem igualmente para ali. Após uma incursão militar, oriunda de New Eden, e uma vez que aquele lugar se torna perigoso, o grupo utiliza os subterrâneos para chegar ao lado sul de Rama – territórios dominados pelas temíveis octospiders, que neste livro se revelam afinal criaturas benévolas.
Nicole e Richard viajam pelo hemicilindro sul de Rama até à Cidade Esmeralda das octospiders, pretexto para uma descrição desta parte de Rama, até aqui sempre inacessível e envolta em mistério, e regressam à sua base na margem sul do Mar Cilíndrico. Perante a renovada ameaça de New Eden, todos (menos um) aceitam a oferta das octospiders e mudam-se para a Cidade Esmeralda, o que serve de pretexto para uma pormenorizada descrição do «optimizado» admirável mundo novo que essa raça implementou.
Mas o governo mafioso de New Eden traz uma guerra de extermínio ao lado sul de Rama e as pacíficas octospiders, a contragosto, são obrigadas a ripostar. No meio da destruição, as inteligências por trás de Rama decidem intervir e abortar toda a operação. Os sobreviventes são colocados em animação suspensa e quando Nicole é acordada, 16 anos depois, é uma octogenária de saúde precária, e encontra-se à vista de um Nodo, próximo de Tau Ceti, enquanto Rama é preparado para nova viagem. A permanência no Nodo leva ao amarrar das poucas pontas soltas que sobravam na narrativa (esta é uma preocupação notória de Rama Revealed, ou A Revelação de Rama) e ao desfecho da obra, com recurso à metafísica e a uma interessante lição de cosmogonia.
Relativamente a esta trilogia-sequela de Rendezvous with Rama, é habitual afirmar-se que cada livro é pior que o anterior; no entanto, essa avaliação será, talvez, um pouco injusta. Rama Revealed, sobretudo pela sua 5.ª parte, é, na minha opinião, o melhor dos três. Há na verdade uma diferença abissal entre Rendezvous with Rama e Rama II: torna-se óbvio que o nome de Arthur C. Clarke só está na capa (e em primeiro lugar) para ajudar a vender os livros; faz-nos pensar qual teria sido o verdadeiro peso de Clarke na contribuição para esta série, pois cada vez mais frequentemente, no decurso da leitura, somos levados a pensar “Arthur C. Clarke nunca teria escrito isto!”. O que se pode apontar à escrita de Gentry Lee já estava presente em Rama II (O Enigma de Rama) e não se alterou nos livros seguintes: há sobretudo uma grande tendência para a dispersão, com ramificações e retrospectivas que nada acrescentam ao essencial da narrativa, mas tornam-na desnecessariamente pesada (este livro é o que menos sofre desses meandros); os três volumes desta sequela não andam muito longe da dimensão de um Guerra e Paz, mas a comparação fica-se por aqui. Todavia sobra pelo menos um ponto positivo: Gentry Lee esforçou-se por fazer uma obra variada a partir de uma premissa um tanto espartana e, ocasionalmente, deparam-se trechos ao nível da obra inicial.
Gentry Lee tem em nome próprio, até este momento, outros dois livros pertencentes ao universo de Rama – Bright Messengers e Double Full Moon Night – mas, pela minha parte, fico por aqui.

"Let me make certain that I have understood this last half hour of discussion," Nicole said into the microphone of her helmet as the shuttle neared the halfway point between the starfish and the Node. "My heart will not last more than ten days at most, despite all your medical magic; my kidneys are currently undergoing terminal failure; and my liver is showing signs of severe degradation. Is that a fair summary?"
"It is indeed," said The Eagle.
Nicole forced a smile. "Is there any good news?"
"Your mind is still functioning admirably, and the bruise on your hip will eventually heal, provided the other ailments don't kill you first."
"And what you are suggesting," Nicole said, "is that I should check into your equivalent of a hospital today over at the Node and have my heart, kidneys, and liver all replaced by advanced machines that can perform the same functions?"
"There may be some other organs that need to be replaced as well," The Eagle said, "as long as we are performing a major operation. Your pancreas has been malfunctioning intermittently, and your entire sexual system is out of spec. A complete hysterectomy should be considered."
Nicole was shaking her head. "At what point does all of this become senseless? No matter what you do now, it's only a matter of time until some other organ fails. What would be next? My lungs? Or maybe my eyes? Would you even give me a brain transplant if I could no longer think?"
"We could," The Eagle replied.
Nicole was quiet for almost a minute. "It may not make much sense to you," she said, "because it certainly isn't what I would call logical... but I am not very comfortable with the idea of becoming a hybrid being."
"What do you mean?" The Eagle asked.
"At what point do I stop being Nicole des Jardins Wakefield?" she said. "If my heart, brain, eyes, and ears are replaced by machines, am I still Nicole? Or am I someone, or something, else?"
"The question has no relevance," The Eagle said. "You're a doctor, Nicole. Consider the case of a schizophrenic who must take drugs regularly to alter the functions of the brain. Is that person still who he or she was? It's the same philosophical question, just a different degree of change."
"I can see your point," Nicole said after another brief silence. "But it doesn't change my feelings. I'm sorry. If I have a choice, and you have led me to believe that I do, then I will decline. At least for today anyway."
The Eagle stared at Nicole for several seconds. Then he entered a different set of parameters into the control system of the shuttle. The vehicle changed its heading.
"So are we going back to the starfish?" Nicole asked.
"Not immediately," The Eagle said. "I want to show you something else first." The alien reached into the pouch around his waist and pulled out a small tube containing a blue liquid and an unknown device. "Please give me your arm. I don't want you to die before this afternoon is over."

Li anteriormente:
The Garden of Rama (1991)
Rama II (1989)

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